Você

Crítica social e autenticidade em "Você" do Dead Fish

A música "Você" do Dead Fish faz uma crítica direta à busca por aceitação social e à valorização excessiva do dinheiro, mostrando como esses fatores sufocam a autenticidade e geram conflitos internos. No trecho “Não sou um bom jogador / Não sei dizer frases feitas”, o narrador revela sua dificuldade em se adaptar às expectativas impostas pela sociedade. Já em “Nada parece ser como é / Pois nega-se toda dor”, a letra aponta para a tendência de esconder problemas reais, preferindo manter as aparências em vez de enfrentar questões profundas.

A referência a “ruas iluminadas, roupas limpas” funciona como uma crítica à superficialidade das normas sociais, sugerindo que, por trás de uma fachada de ordem, existem dores e segredos ocultos – reforçado pelo verso “Onde há muros há o que esconder”. A repetição de “Faça-se a razão” mostra uma postura de resignação diante das pressões externas, como se o narrador abrisse mão do controle da própria vida. O verso “Embaixo dos olhos da escravidão” amplia essa crítica, sugerindo que a conformidade social é uma forma de aprisionamento. No final, a música destaca o papel central do dinheiro: “Por mais forte que seja / Você está aqui, dinheiro”. O termo “você” pode se referir tanto a uma pessoa quanto ao próprio dinheiro, que se torna onipresente e determinante nas escolhas das pessoas – “Por isso trabalhar, por isso roubar”. Assim, a canção expõe o ciclo de insatisfação e submissão em uma sociedade guiada por aparências e pelo poder do capital.