Lavatory Love Machine

Humor, fobia e desejo em “Lavatory Love Machine” da Edguy

Em “Lavatory Love Machine”, a Edguy transforma fobia de voo em coragem performática e paquera escancarada. O humor típico da banda — presente no videoclipe colorido e no contexto do single — guia a narrativa de um passageiro que preferiria “But never ever fly” (Mas jamais voar), mas muda de postura ao notar “a lady in a tight blue dress” (uma dama em um vestido azul justo). Antes do possível desastre, ele escolhe o bravateio e a fantasia. O refrão “Lavatory love machine” (Máquina do amor do banheiro) usa o toalete do avião como metáfora de aventura clandestina, em sintonia com a enxurrada de insinuações e trocadilhos. Até o destino ajuda na comédia: “Oh, if only Brazil was not so far” (Ah, se o Brasil não fosse tão longe) e o anúncio do voo para Copacabana conectam a letra à imagem debochada da banda e à devoção de fãs que “valem o esforço”, apesar da turbulência.

A canção erotiza jargões de bordo: “Keep your seat-belt fastened” (Mantenha o cinto afivelado) e a “iron voice” (voz de ferro) viram jogo de poder — “Oh, mistress I’m in your hands” (Oh, senhora, estou em suas mãos) / “The domina feels the same” (A dominadora sente o mesmo) — enquanto o serviço rende trocadilho (“What about your ‘pie’?” (Que tal a sua “torta”?)). Termos técnicos alimentam o duplo sentido: “cabin fire” (incêndio na cabine), “broken wings” (asas quebradas), “turbine” (turbina), “steam” (vapor), “cream” (creme), “final splash” (respingo final). O anúncio cômico do capitão Long-Dong Rodriguez no voo “triple x 69” (triplo x 69) leva a paródia ao soft-core. Mesmo “stiff and smiling” (rígido e sorrindo) mantém a irreverência: se for cair, que seja depois de se sentir vivo — algo que combina com o “heavy metal” colorido que a banda reivindica e explica por que a faixa também funciona na versão acústica do single.