Samba Enredo 2022 - Mangangá

Resistência e ancestralidade em “Samba Enredo 2022 - Mangangá”

O samba-enredo “Samba Enredo 2022 - Mangangá”, do G.R.E.S. Império Serrano, utiliza a figura lendária de Besouro Mangangá como símbolo de resistência e persistência do povo negro diante da opressão. Desde o início, a letra destaca elementos da cultura afro-brasileira, como “juremá”, “patuá”, “pemba” e “Ogã”, para ressaltar a importância da ancestralidade e da proteção espiritual. Trechos como “firma ponto no juremá, pro corpo fechar” e “patuá e ladainha” fazem referência direta às práticas religiosas de matriz africana, mostrando que a luta vai além do físico, envolvendo também o campo espiritual e cultural.

A música valoriza a capoeira como ferramenta de resistência, citando movimentos e personagens históricos, como Besouro Mangangá, Manoel Pereira e mestre Alípio. Expressões como “meia lua de caboclo rabo de arraia é pedreira” reforçam a força e a tradição dessa arte. O refrão “camará, mangangá, toque de cavalaria / camará, mangangá, não aceita tirania!” destaca o espírito de insubmissão, evocando o toque de alerta da capoeira e a recusa em aceitar a opressão. Ao afirmar “negro feito na cabaça não se rende a coronel”, a letra usa a cabaça do berimbau como símbolo de identidade e resistência negra. A frase “contra toda intolerância sou Exu de Oxalá” une diferentes orixás para representar a luta contra o preconceito e a intolerância religiosa, celebrando o orgulho e a coragem do povo negro. Assim, o samba transforma a trajetória de Besouro Mangangá em um hino de força, orgulho e resistência coletiva.