Samba-Enredo 2024 - Ilú-Oba Ọ̀yọ́: a Gira dos Ancestrais

A ancestralidade e resistência em “Samba-Enredo 2024 - Ilú-Oba Ọ̀yọ́: a Gira dos Ancestrais”

"Samba-Enredo 2024 - Ilú-Oba Ọ̀yọ́: a Gira dos Ancestrais", do G.R.E.S. Império Serrano (RJ), transforma o desfile em um grande xirê, ritual coletivo do Candomblé, para celebrar a ancestralidade e a fé afro-brasileira. A música vai além da expressão religiosa: ela se afirma como um ato de resistência cultural e de valorização da identidade negra, mostrando como a avenida se torna espaço de orgulho e sobrevivência para a comunidade.

A letra cita diversos Orixás, cada um com seu papel simbólico: Exu, mensageiro e guardião dos caminhos; Ogum, símbolo de luta; Oxóssi, associado à paz; Xangô, à justiça; Oxum, ao poder maternal; Iansã, à força dos ventos; Logunedé, ao brilho do novo dia; Ewá, à proteção dos mistérios; Nanã, à sabedoria ancestral; e Iemanjá, como mãe de todos. O verso “Serrinha é resistência na matriz” destaca o bairro de origem do Império Serrano como um centro de preservação cultural. Já “Pela fé que atravessa as revoltas do oceano” faz referência à travessia forçada dos africanos escravizados e à sobrevivência de suas crenças, ressaltando a religiosidade afro-brasileira como símbolo de superação.

Ao propor um xirê na Sapucaí, o samba-enredo reivindica respeito ao Candomblé e à história do povo negro no Brasil. A repetição de “Awá o soro Ilê” e as menções ao atabaque e ao Alabê reforçam a importância do ritual e da música para manter viva a tradição. Assim, a canção se consolida como um manifesto de fé, resistência e orgulho coletivo.