Tonto a Golpe

Humor e resiliência no cotidiano rural em “Tonto a Golpe”

Em “Tonto a Golpe”, Mano Lima transforma uma série de infortúnios em um retrato bem-humorado e autêntico do cotidiano rural gaúcho. A música narra o azar do protagonista com leveza, convidando o ouvinte a rir das próprias dificuldades. O uso de expressões regionais como “muié”, “guri” e “véio” aproxima a canção da realidade do campo no sul do Brasil, criando identificação com quem conhece esse universo.

A letra apresenta situações cômicas e infortúnios: o abandono pela esposa, a perda de dinheiro e amigos, o trabalho duro em uma estância com patrão “munheca” (mão de vaca, ou seja, avarento), acidentes no galpão e até problemas digestivos após comer pesco. Mano Lima usa ironia e autodepreciação, como no trecho “Me deu uma dor de barriga, foi o quanto a cinta afrouxei / Não é que, de tanto azar, fui aos pé' e me descadeirei”, mostrando que até os momentos mais embaraçosos podem ser motivo de piada. No final, mesmo “tapado de urucubaca” (cheio de azar), o personagem segue em frente, agora vivendo de “povoeiro” e vendendo “bunda de vaca” (um corte de carne pouco valorizado), demonstrando resiliência e a capacidade de rir de si mesmo. “Tonto a Golpe” celebra a vida simples, as pequenas tragédias do dia a dia e a força de quem, apesar dos tropeços, segue adiante com bom humor.