exibições de letras 76

Sou lenha seca, cerne antigo endurecido
Alma silente que, no pago, enraizou!
Cruzei invernos e vi campos florescidos
Nessa existência, onde o tempo me moldou!

Ergui meus galhos para o céu dos descampados
Topei os ventos que chegaram de roldão!
E criei casca para o golpe do machado
E aprofundei minhas raízes nesse chão!

Carrego o tombo na vertigem da memória
O vai-e-vem da dentição do traçador!
Sangrando a seiva, começando a nova história
Numa estirada demarcando o corredor!

Eu já fui sombra, fui madeira, fui divisa
Hoje sou lenha a consolar um rancho só!
Pois seja terra, seja areia ou mesmo cinza
No fim do jogo, tudo um dia vai ser pó!

Sou lenha seca no galpão envelhecido
Já fui palanque, poste e trama de coxilha
Contendo touros, entre choques e mugidos
A prenunciarem movimentos de novilhas!

Veio a lavoura unificar as invernadas
E desmanchar, pra sempre, os velhos aramados
Erguendo pilhas dessas tramas falquejadas
E dos palanques, descartando os estragados!

Sou lenha seca, nesse estágio derradeiro
Para aquecer algum campeiro como eu
Que ainda resta, num galpão sem companheiros
Lembrando um tempo que, faz tempo, se perdeu!


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