Chimarrão dos Amantes
Milton Sica
Cevo este mate aragano
Nesta cuia xucra da fronteira
São os modos livres de um paisano
Numa morna tarde domingueira
Ela vem suave pelos campos
Perfumando a flor de corticeira
Vaga com a luz dos pirilampos
Envolve com a fagulha na fogueira
Este mate afaga meus silêncios
Na mão calejada de chaleira
No braseiro a chama solitária
Que balança ao sabor
De ilusão tão estradeira
O mate cicatriza minha dor
Renova meus amores delirantes
A cuia roda num galpão acolhedor
Nada é amargo pros amantes
Ficou um gosto teu neste meu mate
Cevado ao cerne desta solidão
Em lento entardecer muy escarlate
Com laços largos de imensidão
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