Medo do Medo

Ansiedade e autossabotagem em "Medo do Medo" de O Terno

"Medo do Medo", da banda O Terno, explora como o medo pode se tornar um ciclo autossustentável, em que a própria sensação de medo passa a ser temida, alimentando ainda mais a ansiedade. O refrão “Medo do medo, o pavor / Será disfarce da dor?” levanta a hipótese de que o medo pode servir como uma camada protetora, escondendo dores mais profundas e funcionando como uma forma de evitar o enfrentamento de sentimentos difíceis.

A letra descreve de forma direta a experiência da ansiedade, especialmente à noite, quando o silêncio e a escuridão intensificam pensamentos inquietos: “Tenho medo da minha cabeça / No escuro pensando sem parar”. Esse trecho mostra o receio de se perder nos próprios pensamentos e a dificuldade de recuperar o controle emocional, como em “não conseguir encontrar meu caminho de volta”. A expressão “os dentes do nada me apagavoram” reforça a ideia de que o medo pode surgir do vazio e do desconhecido, não necessariamente de ameaças reais. A participação de Tom Zé, artista reconhecido por abordar temas existenciais, contribui para a atmosfera introspectiva da música, aprofundando a reflexão sobre como o medo pode paralisar e impedir a busca por alívio ou felicidade. Assim, "Medo do Medo" revela como a ansiedade pode ser tanto causa quanto consequência de dores internas não resolvidas.