A Saudade e a Tristeza

Tradição e memória em “A Saudade e a Tristeza” dos Bertussi

A música “A Saudade e a Tristeza”, de Os Bertussi, explora como a saudade é um sentimento central para a identidade do gaúcho, indo além da simples nostalgia. No verso “Quem não sabe o que é saudade tristeza não pode ter”, a letra destaca que a tristeza surge da distância da terra natal, das festas e tradições que formam a base da vida no campo. Os Bertussi, pioneiros da música tradicionalista gaúcha, reforçam que essa saudade é coletiva, compartilhada por todos que vivem longe de sua “querência”, termo que remete ao lugar de origem e afeto.

A canção utiliza referências marcantes do universo rural, como “fandangos de galpão” e “carreiradas”, para trazer à tona lembranças de um passado alegre, em contraste com o presente de solidão e cansaço: “O tempo vai se passando, já sinto o peito cansado”. O personagem central, o gaudério, é retratado como alguém que percorre diferentes regiões (“vivendo de pago em pago”), mas nunca deixa de carregar a lembrança do lar. O pedido ao “pai velho criador” para “tocar e cantar no rodeio da saudade” expressa o desejo de reencontro com as raízes, mesmo após a morte, mostrando que a verdadeira casa está nas memórias e tradições. Assim, a música transforma a saudade e a tristeza em forças que conectam passado, presente e futuro, celebrando a cultura gaúcha e a importância de manter vivas as lembranças do que se ama.