Prosa dos Lenços

O simbolismo do lenço em "Prosa dos Lenços" de Os Monarcas

A música "Prosa dos Lenços", de Os Monarcas, destaca o papel central do lenço no vestuário gaúcho, mostrando como esse acessório simples carrega um significado profundo ligado à identidade, tradição e história política do Rio Grande do Sul. A letra transforma o lenço em símbolo e testemunha das disputas históricas, como na referência: “lenço vermelho é maragato, lenço branco é chimango”, explicando a ligação direta entre as cores dos lenços e as facções políticas rivais da Revolução Federalista de 1893. Nesse contexto, as cores dos lenços não eram apenas detalhes do traje, mas representavam ideologias e pertencimento, como reforçado no verso: “simboliza as tradições, dos tempos da vida bruta” e “é uma herança partidária, que campeou seu ideal”.

Além do aspecto político, a música valoriza o lenço como elemento de identidade pessoal e coletiva. O verso “Um gaúcho bem pilchado, estampa a simplicidade / Mas sem lenço no pescoço, perde sua identidade” mostra que o lenço é essencial para o gaúcho se reconhecer e ser reconhecido. O lenço cinza xadrez, chamado carijó, é citado como símbolo de neutralidade, representando quem não se envolvia nas disputas partidárias: “nunca foi politiqueiro e nem provocava alvoroço”. Já o lenço preto, ligado ao luto e respeito, é destacado por seu uso restrito: “este não vai a fandango”. Ao longo da canção, Os Monarcas celebram o lenço como elo entre gerações, “passando de pai pra filho”, e como símbolo que, apesar das marcas dos conflitos, une os gaúchos e preserva a memória e a cultura do povo sul-rio-grandense.