Do Rio Grande antigo

Tradição e memória afetiva em “Do Rio Grande antigo”

A música “Do Rio Grande antigo”, de Os Monarcas, retrata a valorização das tradições e da simplicidade do interior gaúcho como uma forma de resistência às mudanças do tempo. O verso “Gosto de bailes nos rincões perdidos / Destes fundões que nem estão no mapa” mostra a preferência por lugares afastados e experiências autênticas, pouco influenciadas pela modernidade. Esse sentimento nostálgico é reforçado ao longo da canção, que destaca o prazer em viver momentos simples e genuínos.

A letra traz imagens do cotidiano rural, como cavalgar à noite até salões rústicos e dançar com uma “chinoca” ao som de violão, pandeiro e gaita. Expressões regionais, como “troteio à noite pelo chão batido” e “gasto a fivela de esfregar no umbigo / De uma chinoca num tranquito manso”, reforçam a atmosfera acolhedora e celebram a cultura tradicionalista do Rio Grande do Sul. O termo “chinoca” é explicado como uma forma carinhosa de se referir a uma mulher jovem. A música também traz um tom bem-humorado ao mencionar o “pai da moça” que quer distância, mas o narrador reconhece que “não tem jeito quando o amor nos pega”, mostrando que as emoções e paixões fazem parte desse universo.

No final, a canção transmite a ideia de pertencimento e continuidade, como se cada baile e cada dança fossem formas de manter viva a identidade gaúcha. O verso “vida afora a gente carrega / Este retrato do Rio Grande antigo” resume o significado central: a memória afetiva das tradições e dos encontros, que permanece com quem valoriza esse modo de vida.