Infância Perdida

Memórias e saudade em "Infância Perdida" de Os Monarcas

"Infância Perdida", de Os Monarcas, retrata com sensibilidade a saudade de uma infância vivida no interior do Rio Grande do Sul. A música utiliza expressões regionais como "pirilampos alumiando corredor" (vagalumes iluminando o caminho), "lacinho de imbira" (brinquedo feito de fibra vegetal) e "pandorga caborteira" (pipa desgovernada) para criar uma conexão afetiva com a cultura rural gaúcha. Esses detalhes não apenas ilustram o ambiente, mas também reforçam a sensação de perda da inocência e da simplicidade, como no verso "Sinto falta da bonança do meu sorriso criança".

A letra constrói uma atmosfera nostálgica ao mostrar que, com o tempo, as alegrias e sonhos da infância se perdem, como em "a tropilha malacara se perdeu numa coivara" e "meu potro de taquara me fugiu com laço e tudo". O trecho "Vai derramando a pipa d'água de meus olhos / Deixando trilhas pelas rugas do meu rosto" usa a imagem da "pipa d'água" (reservatório de água) para simbolizar as lágrimas, ligando a emoção do adulto às lembranças do passado. No final, a música destaca como a vida adulta, com suas dificuldades e decepções — "O mundo mal atraiçoeiro me abateu como a um sabiá" —, afasta definitivamente a infância, que fica "ao Deus dará", reforçando o sentimento de abandono e irrecuperabilidade desse tempo. "Infância Perdida" valoriza a cultura regional e mostra como as memórias da infância marcam profundamente a vida adulta.