Chacina

Violência cotidiana e denúncia social em “Chacina” do Pavilhão 9

A música “Chacina”, do Pavilhão 9, retrata de forma direta a violência cotidiana nas periferias urbanas, mostrando como a morte se torna parte da rotina e o medo acaba sendo substituído pela resignação. O verso “Se morre ninguém vê, lidera o silêncio” destaca o descaso social e institucional diante das mortes frequentes, enquanto a repetição de “chacina de periferia” reforça que esses episódios são recorrentes e quase invisíveis para quem está fora desse contexto.

A letra usa uma linguagem dura e realista para mostrar a sobrevivência em meio ao caos, como em “Aqui é lei seca, é foda, não tem ideia e nem conversa”, indicando que não há espaço para diálogo ou esperança, apenas para a lei do mais forte. O trecho “Ajoelhou, vai morrer, pois pro céu, mandarei / Todos os sete juntos, estirados em plena luz do dia” faz referência a execuções sumárias, sugerindo que a violência é pública e impune. O histórico do Pavilhão 9, conhecido por suas críticas sociais, e a participação de João Gordo reforçam o tom de denúncia e protesto contra a marginalização e a brutalidade policial, como em “Estava envolvido com pilantras da rota, 'pow'”, onde “rota” faz alusão à polícia militar de São Paulo, frequentemente associada a ações violentas nas periferias.

A música também aborda a falta de perspectivas e a necessidade de adaptação para sobreviver, como em “Medo não temos, acostumamos” e “Seja maduro, duro, seja esperto, eu já te avisei”. Expressões como “queima de arquivo” e “pagam uma merreca e fazem o seu serviço” denunciam a corrupção e a impunidade, mostrando que vidas são tratadas como descartáveis. Mesmo lançada antes de episódios de violência envolvendo a torcida homônima, “Chacina” segue atual ao retratar a violência sistêmica e o sentimento de abandono nas periferias brasileiras.