Silencio do Berranteiro
Pedro Bento e Zé da Estrada
Junto à casinha do estradão que um dia
Um boiadeiro preso ali ficou
Pelos carinhos da mulher amada
E o seu berrante nunca mais tocou
Lá encontrei uma mulher sozinha
Quis saber dela o que se passou
Mandou sentar-me pra ouvir seu drama
Do companheiro ela assim falou
Ele morreu e prosseguiu viagem
Na estrada longa que ao céu conduz
Hoje as estrelas são sua boiada
No azul dos campos de infinita luz
Ainda hoje vejo da janela
Lá no estradão boiadas a passar
Como a boiada longa dos meus passos
Dentro de mim, a passo a caminhar
Amigos seus as vezes me perguntam
Por onde anda o velho boiadeiro
A todos digo: Ouça o som do vento
Que traz do além a voz do berranteiro
Aqui estou meus velhos companheiros
Olhem pra cima pra me ver passando
Em meu cavalo raio de luar
Pelo estradão de estrelas galopando
O meu berrante, hoje são trombetas
Que os anjos tocam chamando a boiada
De nuvens brancas no sertão do espaço
Vindo ao curral azul da madrugada!
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