Memorial

Reflexão sobre escolhas e tempo em "Memorial" do Supercombo

A música "Memorial", da banda Supercombo, aborda de maneira direta a sensação de arrependimento por oportunidades não vividas. O verso “Me deu saudade de tudo que eu não vivi” expressa uma nostalgia diferente, voltada para experiências que nunca aconteceram, ampliando o significado tradicional de saudade. Já a frase “Assinei um contrato que eu não li” funciona como metáfora para decisões tomadas sem reflexão, cujas consequências só se revelam com o tempo, reforçando o tema do arrependimento.

A letra destaca a percepção de estagnação diante do tempo, como em “Agora é tarde, o mundo inteiro girou e eu fiquei aqui”, mostrando o sentimento de ficar parado enquanto tudo ao redor muda. O eu lírico se vê preso ao passado, atribuindo parte da culpa ao tempo, mas também reconhecendo sua própria passividade, como em “Me prendeu no passado, acho / (Culpado é o tempo que passou)”. O refrão repetido reforça a ideia de que, enquanto tudo muda, ele permanece parado, sentindo falta do que não viveu. A repetição de frases como “Ficou tão tarde que o mundo nem me viu passar” intensifica o tom melancólico, sugerindo uma existência marcada pelo arrependimento e pela sensação de insignificância diante do tempo.

Apesar do tom reflexivo, há um desejo de que outros não repitam seus erros, expresso em “Mas quero que você viva aí”, indicando esperança de que alguém próximo aproveite as oportunidades que ele deixou passar. O contexto do álbum "Amianto" e as versões acústicas lançadas depois reforçam o caráter intimista e universal dessa reflexão sobre escolhas e o tempo.