Abertura da gira

A Espiritualidade e Devoção na 'Abertura da gira'

A música 'Abertura da gira', entoada em rituais de Umbanda, é um hino de invocação espiritual e reverência às divindades do panteão afro-brasileiro. A letra é uma chamada para a abertura de um espaço sagrado, a 'aruanda', que na Umbanda é entendida como um plano espiritual elevado, um lugar de luz e paz onde habitam entidades evoluídas. O 'juremá', por sua vez, é uma referência a um espaço sagrado de poder, muitas vezes associado a uma árvore sagrada na tradição indígena e na Jurema Sagrada, que é uma religião afro-indígena do Nordeste do Brasil.

A menção de 'mamãe Oxum' e 'nosso pai Oxalá' expressa o pedido de permissão e bênçãos para iniciar os trabalhos espirituais. Oxum é a orixá das águas doces, do amor e da fertilidade, enquanto Oxalá é o orixá da criação, associado à paz e à sabedoria. A presença deles simboliza a busca por harmonia e proteção durante a gira, que é uma cerimônia de culto e comunicação com os espíritos. A referência a 'Santo Antonio é ouro fino' pode ser interpretada como uma alusão à sincretização religiosa, onde Santo Antônio é associado a entidades da Umbanda, e 'arreia a bandeira e vamos trabalhar' sugere a disposição para o serviço espiritual, marcando o início da gira.

A música, portanto, é um elemento de conexão entre os praticantes, as entidades espirituais e os orixás, estabelecendo um ambiente de fé e devoção. Ela reflete a riqueza cultural e a profundidade teológica da Umbanda, uma religião genuinamente brasileira que mescla elementos africanos, indígenas e cristãos.