Preto Velho Vovó Não Quer!

Resiliência e Memória: A Profundidade de 'Preto Velho Vovó Não Quer!'

A música 'Preto Velho Vovó Não Quer!' interpretada no contexto da Umbanda, um gênero religioso brasileiro, traz à tona a resistência cultural e a memória histórica dos tempos de escravidão no Brasil. A letra expressa a rejeição de 'Vovó' à presença de cascas de coco no terreiro, que são vistas como um símbolo doloroso dos tempos do cativeiro. Este elemento serve como uma metáfora para os resquícios da escravidão que ainda persistem na memória coletiva dos descendentes de africanos no Brasil.

O refrão 'Vovó não quer casca de coco no terreiro' é repetido várias vezes, enfatizando a aversão a qualquer lembrança dos tempos de opressão. A expressão 'carpiste Angola' e as repetições de 'tô carpinando e tá crescendo' sugerem um trabalho contínuo e árduo de limpeza e renovação, tanto física quanto espiritual, que é necessário para superar as adversidades e crescer a partir delas. Este trabalho pode ser interpretado como uma alegoria ao esforço contínuo da comunidade afro-brasileira para superar as cicatrizes deixadas pela escravidão e construir um futuro de liberdade e respeito.

A música, portanto, não apenas reflete uma prática cultural específica dentro da Umbanda, mas também serve como um veículo para expressar e curar as dores históricas, promovendo uma mensagem de resistência, memória e esperança. Através de sua melodia e letras, 'Preto Velho Vovó Não Quer!' convida à reflexão sobre a importância de reconhecer e respeitar as raízes culturais e a história de luta dos povos afrodescendentes no Brasil.