Os Meus

Lealdade e amizade verdadeira em “Os Meus” de Valete

A música “Os Meus”, de Valete, aborda de forma direta como o sucesso pode mudar o comportamento das pessoas ao redor, evidenciando a diferença entre amizades verdadeiras e relações baseadas em interesse. Logo no início, Valete denuncia a hipocrisia de quem só se aproxima quando ele está em alta: “Quando estou falido nem me dão mão para um cumprimento saudoso / Quando tenho guito todos querem pôr a mão no meu bolso”. Aqui, ele deixa claro que dinheiro e fama atraem falsos amigos, enquanto a lealdade se revela nos momentos difíceis. Esse olhar crítico está alinhado com a trajetória de Valete, conhecido por tratar de desigualdade e justiça social, agora aplicada à sua experiência pessoal e ao seu círculo íntimo.

Ao citar amigos e parceiros como Adamastor, M, Hélio e outros, Valete presta homenagem e reforça que esses laços são baseados em confiança e partilha, não em interesse. O verso “Meus amigos são como irmãos e nenhum deles me decepciona / Não há traição por maior que seja o cu da minha dama” usa uma metáfora ousada para afirmar que, entre eles, nem grandes tentações abalam a confiança. O refrão e as listas de nomes funcionam como um manifesto de gratidão, enquanto versos como “Um por todos, todos por um é assim que eu faço alianças” e “Quando um come todos comem, temos todos o mesmo peso” destacam o valor da coletividade e da partilha, rejeitando o individualismo. A colaboração com DJ Bomberjack e as referências a outros nomes do rap português, como Ace e Sam the Kid, reforçam a importância da união e do respeito mútuo tanto na música quanto na vida pessoal de Valete.