Não Sei o Que Fazer Comigo

Busca de identidade e ironia em “Não Sei o Que Fazer Comigo”

“Não Sei o Que Fazer Comigo”, da banda Vespas Mandarinas, destaca-se pela ironia ao abordar a busca constante por identidade e sentido. A letra apresenta um personagem que experimenta diferentes estilos de vida, opiniões e comportamentos, como em “já fui ético, antipático, fui poético, fui fanático” e “já votei em tucano, já fui ovo-lacto-vegetariano”. Essas mudanças mostram alguém que tenta de tudo, mas nunca encontra satisfação duradoura. As referências a figuras e temas brasileiros, como Paulo Coelho e o partido PSDB (“tucano”), aproximam a música do público local e reforçam a ideia de que nem escolhas marcantes trazem respostas definitivas.

O refrão, “E ouvi uma voz, que diz: Não há razão / Você sempre mudando, já não muda mais / E já que estou cada vez mais igual / Não sei o que fazer comigo”, resume o sentimento de estagnação após tantas tentativas de reinvenção. A letra mostra uma insatisfação crônica e uma fadiga existencial, evidenciada pela repetição de experiências extremas e mudanças de comportamento. O verso final, “Fazendo versão de rock Uruguaio”, faz uma autorreferência bem-humorada à própria música, que é uma adaptação de um sucesso do El Cuarteto de Nos, sugerindo que até a criatividade se torna uma forma de distração diante do vazio. No fim, a canção retrata o dilema de quem, mesmo após inúmeras mudanças, continua sem saber o que fazer consigo mesmo.