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Fazer loginSe para você fevereiro é sinônimo de folia, com certeza já ouviu a música Baianidade Nagô e teve curiosidade para saber o seu significado. O que podemos entender por baianidade? E o que significa a palavra “nagô”? 🤔
Entre as músicas mais tocadas no Carnaval, o sucesso da Banda Mel, lançado na década de 90, continua vivo entre os foliões. Fora da festa, ela também sempre toca em eventos e encontros de amigos.
Por isso, se esses questionamentos já passaram pela sua cabeça, vale a pena conhecer o significado de Baianidade Nagô e a história de composição da letra e do lançamento desse grande hit. Vamos lá?
Quando prestamos atenção na letra de Baianidade Nagô, logo imaginamos que ela foi composta por uma pessoa que ama o Carnaval e adora correr atrás do trio elétrico.
Mas não é bem essa a realidade da sua composição. Saiba a seguir todos os detalhes e o significado da música Baianidade Nagô.
Baianidade Nagô foi escrita por um jovem tímido de 20 anos, o Evandro Rodrigues, em 1991. Na época, ele era estudante de Contabilidade na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), mas ensaiava alguns passos na carreira musical.
A sua veia artística era vista com maus olhos pelo seu pai, um militar aposentado. Por outro lado, sua mãe e sua avó o incentivaram na música e até o ajudaram a comprar o seu primeiro violão.
Em um belo dia de 1990, enquanto Evandro voltava para sua casa, na Vila Naval da Barragem, em Paripe, subdistrito de Salvador, a melodia da canção simplesmente surgiu em sua mente. Assim que chegou, logo ele correu para o seu quarto e gravou a inspiração em uma fita cassete.
Depois disso, Evandro partiu para a escrita da letra. Mas esse processo aconteceu de forma bem mais lenta e só foi concluído em 1991. Para isso, ele buscou relembrar todas as emoções que o Carnaval baiano lhe trazia.
Assim que concluiu a letra e a melodia, Evandro Rodrigues a levou ao escritório da Banda Mel. De acordo com o compositor, a sua nova criação era a cara do grupo, que estava despontando no axé music.
Na época, Jailton Dantas era o produtor da banda. Quando Evandro entrou no escritório, Dantas estava saindo. Apesar de a secretária ter falado para ele esperar por uma reunião, o jovem estudante achou melhor deixar a fita lá e aguardar um retorno.
Uma semana depois, Evandro ligou para o escritório e recebeu a notícia de que Baianidade Nagô seria o carro chefe do próximo disco da Banda Mel.
Foi nesse momento que a fantasia de Evandro Rodrigues se tornou realidade e se eternizou como um dos axés mais ouvidos de todos os tempos. Ah, e o seu pai, que torcia o nariz para a sua carreira musical, acabou reconhecendo a importância e a beleza da canção.
Baianidade Nagô foi lançada pela Banda Mel em um estacionamento no São Raimundo, próximo à Lapa, em Salvador. Ela agradou tanto os foliões que foi premiada com o Troféu Dodô e Osmar do Carnaval de 92.
Na voz dos músicos Robson Moraes e Márcia Short, a canção se tornou um clássico de “abaixar a poeira”. Essa é a expressão usada pelos blocos carnavalescos da Bahia para se referir a uma melodia mais lenta, puxada para o samba reggae romântico.
A partir daí, outros artistas de renome do axé nacional gravaram Baianidade Nagô, como Ivete Sangalo, Netinho, Ricardo Chaves e até a Orquestra Popular da Bahia. Uma interpretação que foi bastante elogiada é a de Daniela Mercury.
O título de Baianidade Nagô não foi escolhido de forma aleatória por Evandro Rodrigues: cada um desses dois termos têm sua importância e razão de ser. Descubra logo mais.
Segundo Evandro, a palavra “baianidade” se refere aos mais variados elementos da cultura baiana, que são a cara do Carnaval. Logo no início da letra, já conseguimos perceber essas manifestações culturais:
Salvador se agita
Numa só alegria
Eternos dodô e osmar
O período do Carnaval em Salvador é o mais agitado da cidade. A cidade literalmente para para receber os foliões, que saem dos quatro cantos do mundo para aproveitar uma das principais festas brasileiras.
Há também a menção a Dodô e Osmar, dupla de músicos a quem a invenção do trio elétrico e da guitarra baiana é atribuída.
Já o termo “nagô” nos remete às influências africanas e negras que compõem a identidade do povo brasileiro, principalmente dos baianos.
Nesse sentido, de acordo com o historiador Rafael Dantas, a expressão indica a tentativa dos baianos de aproximarem a cultura da África da cultura da Bahia. Como o nosso país recebeu muitos escravos africanos, eles certamente contribuíram para a construção das nossas crenças e manifestações artísticas.
Essa influência fica explícita no seguinte trecho da letra, em que é mencionado o agogô.
Dançar ao negro toque do agogô
Curtindo a minha baianidade nagô
Para quem não sabe, esse é um instrumento originado da música iorubá e muito usado na reprodução de ritmos africanos. Aqui no Brasil, ele foi adaptado para o samba e as suas mais variadas vertentes do Carnaval, como o samba reggae e o samba duro.
A Avenida Sete é uma das principais vias de Salvador. No Carnaval, ela integra o circuito de passagem dos trios elétricos e fica tomada por foliões. Ela também aparece em Baianidade Nagô:
Na avenida sete
Da paz eu sou tiete
Outro local da capital da Bahia que é mencionado na letra é o Farol da Barra, considerado um dos seus principais pontos turísticos. E, na época do lançamento da música, ele também fazia parte do circuito dos trios.
Na barra o farol a brilhar
Carnaval na bahia
Oitava maravilha
Nunca irei te deixar meu amor
No refrão, o ato de andar, dançar e curtir atrás do trio elétrico é exaltado. Não poderia ser diferente, afinal, essa é uma das atividades mais praticadas pelas pessoas que curtem essa festa tão diversa e importante para o Brasil.
Eu vou
Atrás do trio elétrico vou
Gostou de conhecer o significado de Baianidade Nagô? Agora que você já entrou de vez no clima do Carnaval, relembre as músicas que já fizeram sucesso em outros carnavais.
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