Caetano Veloso: a biografia de um dos maiores ícones da MPB

Caetano Veloso é um dos mais influentes e polêmicos músicos do Brasil. Um dos fundadores do movimento tropicalista, ele soube se reinventar ao longo dos anos, mantendo-se relevante tanto na cena musical quanto no debate intelectual. 

Com mais de cinquenta anos de uma bem-sucedida carreira, a trajetória do compositor baiano é repleta de momentos marcantes. Pensando nisso, preparamos um breve panorama da carreira de Caetano Veloso e sua biografia. Vem ver!

Caetano Veloso: a biografia do músico baiano

Caetano Emanuel Viana Teles Veloso nasceu em 7 de agosto de 1942 em Santo Amaro, na Bahia. Filho do funcionário dos Correios, José Veloso, e da célebre Dona Canô, passou a infância em sua cidade natal.

O interesse pela música surgiu cedo. Aos 10 anos, ele fez uma gravação doméstica das músicas Feitiço da Vila e Mãezinha Querida, acompanhado pelo piano da irmã Nicinha. Aos 14 anos, passou uma temporada no Rio de Janeiro, onde frequentou o auditório da Rádio Nacional.

Em 1960, os Veloso se mudaram para Salvador. Foi lá que Caetano aprendeu a tocar violão, inspirado por um dos seus maiores ídolos, João Gilberto. Nesse período, ele começou também a escrever críticas de cinema para o Diário de Notícias.

No ano seguinte, o jovem Caetano passou a acompanhar a irmã mais nova, Maria Bethânia, em apresentações nos bares da cidade. Em seguida, ele compôs trilhas sonoras para peças de teatro, o que fortaleceu no músico o desejo de se tornar cantor-compositor profissional.

O início da carreira

No ano de 1963, Caetano Veloso matriculou-se no curso de filosofia da Universidade Federal da Bahia. No ano seguinte, participou do espetáculo Nós, Por Exemplo, ao lado de Bethânia e de seus novos parceiros musicais: Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé. 

Em 1965,  Bethânia foi chamada para substituir Nara Leão no show Opinião, no Rio de Janeiro. Insatisfeito com o provincianismo de Salvador e vislumbrando novas oportunidades na carreira, o músico abandonou a faculdade e partiu ao lado da irmã.

Gravação do primeiro compacto

Com o sucesso de Bethânia, Caetano se animou a gravar seu primeiro compacto. O single saiu em 1965 pela RCA, trazendo as canções Cavaleiro e Samba Em Paz, ambas de sua autoria.

O primeiro álbum e o Festival de 67

O ano de 1967 foi marcante para a carreira de Caetano Veloso e para a música brasileira como um todo. Foi naquele ano que o músico baiano lançou seu primeiro álbum, Domingo, em parceria com Gal Costa.

Além disso, nesse período aconteceu ainda o lendário Festival de 67, em que o músico causou euforia ao cantar Alegria, Alegria acompanhado pela banda argentina de rock Beat Boys. A canção se classificou em quarto lugar.

Saiba mais: Alegria, Alegria: uma análise da canção de Caetano

Essa apresentação, junto à de Gilberto Gil, que tocou Domingo No Parque com Os Mutantes, marcou a ruptura dos baianos com a tradição musical brasileira e foi o pontapé inicial para o surgimento do movimento tropicalista.

Surge o Tropicalismo

Caetano foi peça fundamental na criação do Tropicalismo, movimento artístico de vanguarda que buscou atualizar a filosofia antropofágica de Oswald de Andrade. Segundo o site do artista, a ideia era propor o reprocessamento de informações estrangeiras para a criação de uma arte brasileira e original.

Dentre os eventos mais significativos da tropicália está o lançamento do álbum-manifesto Tropicália ou Panis Et Circensis, em 1968. O trabalho coletivo reuniu, além de Caetano Veloso, os músicos Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Os Mutantes e Nara Leão.

Outro momento histórico foi a apresentação de É Proibido Proibir, em São Paulo. Vestindo uma roupa de plástico, Caetano foi vaiado pelo público e improvisou um discurso contra o conformismo da juventude, disparando a icônica frase: Vocês não estão entendendo nada.

Vale mencionar que foi também em 1968 que o músico lançou seu primeiro álbum individual, Caetano Veloso. No repertório, canções clássicas como Tropicália, Soy Loco Por Ti América e Alegria, Alegria.

Exílio em Londres

Em dezembro de 1968, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos pelo regime militar, acusados de ofensa ao hino e à bandeira nacional. Depois de passarem dois meses na prisão, os músicos ficaram confinados em Salvador.

Durante esse período, o artista aproveitou para gravar as bases de voz e violão do seu segundo disco, Caetano Veloso. Em julho de 1969, após dois shows de despedida no Teatro Castro Alves, Caetano e Gil partiram para o exílio político em Londres.

Nos pouco mais de dois anos em que viveu fora do país, Caetano gravou o álbum Transa. O músico ainda voltaria pontualmente ao país, até conseguir permissão para seu retorno definitivo no início de 1972.

Os Doces Bárbaros

No ano de 1976, Caetano, Gil, Gal e Bethânia se reuniram novamente em um projeto especial: o grupo Os Doces Bárbaros. Os artistas excursionam por todo país e, em seguida, lançam o álbum duplo Doces Bárbaros — Ao Vivo, acompanhado de um documentário.

Carreira pós-ditadura

Durante os anos 80, Caetano manteve uma produtiva rotina criativa. Somente em 1986, o músico dirigiu o filme Cinema Falado, lançou o álbum Totalmente Demais e ainda apresentou o programa de TV Chico & Caetano, ao lado de Chico Buarque.

Em 1997, Caetano lançou o livro autobiográfico Verdade Tropical, falando sobre sua formação como artista. Nos anos 2000, ele ganhou um Grammy na categoria World Music.

Participação no Oscar

Caetano Veloso foi o primeiro brasileiro a cantar na cerimônia do Oscar. Em 2003, ele interpretou a canção Burn It Blue, gravada com a cantora mexicana Lila Downs para o filme Frida.

Outro momento de destaque no cinema foi a participação do cantor no filme Fale Com Ela, de Pedro Almodóvar. Caetano aparece cantando a música Cucurrucucu Paloma.

Dias atuais

Sempre antenado, Caetano Veloso se aproximou da música indie para a gravação de três álbuns com a Banda Cê: Cê, Zii e Zie e Abraçaço. Em 2018, ele lançou Ofertório, disco feito em parceria com os filhos Moreno, Zeca e Tom, considerado um dos melhores do ano pela crítica especializada.

Em 2020, o músico lançou o documentário Narciso Em Férias. Baseado no livro de mesmo nome, o cantor fala em detalhes sobre a sua prisão pelo regime militar.

Frases de Caetano Veloso

Depois de saber mais sobre a biografia do compositor baiano, aproveita e vem conferir também 66 frases de Caetano Veloso para inspirar seu dia. É uma mais linda que a outra!

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