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Fazer loginSurgido no final dos anos 60, o tropicalismo foi um movimento cultural que revolucionou a música brasileira.
Liderado por grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, o movimento trouxe inovações estéticas e comportamentais que se opunham à música bem comportada da época e protestavam contra a repressão.
Influenciado pelo movimento hippie e pela contracultura norte-americana, o tropicalismo chocou o público ao misturar o rock e a poesia concretista a elementos tradicionais da cultura brasileira, como o samba e o baião.
Isso porque a utilização de guitarras elétricas era motivo de polêmica: na época, o instrumento era visto como parte da cultura imperialista estadunidense. Logo, os artistas que tocavam guitarras eram acusados de estarem americanizando a música brasileira.
Quer saber mais sobre essa história? Então vem com a gente entender o que foi o tropicalismo!
O tropicalismo foi um movimento artístico e cultural surgido como uma espécie de resposta a um outro movimento: a Marcha Contra a Guitarra Elétrica.
Com o slogan defender o que é nosso, a marcha consistiu em uma passeata na qual os adeptos protestaram contra a invasão da música internacional.
Liderada por Elis Regina, a marcha aconteceu em julho de 1967. Alguns meses depois, em outubro do mesmo ano, ocorreu o III Festival Popular de Música Brasileira da TV Record — foi lá que o tropicalismo deu o seu pontapé inicial.
Durante o festival, Caetano Veloso cantou Alegria, Alegria, acompanhado da banda de rock Beat Boys, e Gilberto Gil tocou Domingo No Parque, ao lado dos Mutantes.
Ambos foram vaiados pelo público, que não reagiu bem à utilização de guitarras nas apresentações.
Os músicos se defenderam. Segundo eles, qualquer expressão artística de outro país poderia ser usada na música brasileira sem que isso significasse uma perda de identidade.
Assim, o tropicalismo bebia da fonte do Movimento Antropofágico, promovido por artistas modernistas brasileiros durante as décadas de 20 e 30.
O movimento tropicalista teve início em 1968, com o lançamento do álbum Tropicália ou Panis Et Circensis. O título faz uma alusão à chamada política do pão e circo, promovida pelo regime militar brasileiro.
Reunindo artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé, além do maestro Rogério Duprat e dos poetas Torquato Neto e Capinam, o disco foi um manifesto musical que visava romper com a arte da época, propondo uma mistura entre a cultura brega, a música pop, o rock psicodélico, a música erudita e outras manifestações culturais.
A icônica capa, feita pelo artista plástico Rubens Gerchman, trouxe Gil repetindo uma pose feita por Oswald de Andrade em um retrato dos modernistas, Tom Zé vestido de caixeiro-viajante e Caetano segurando uma imagem de Nara Leão, em referência aos artistas dadaístas de 1921.
O figurino foi proposto por Rita Lee e pelo produtor Guilherme Araújo.
Conheça a história por trás dessa e de outras capas de álbuns icônicos da MPB
A principal proposta do tropicalismo foi promover uma revolução estética e comportamental na cultura brasileira.
A ideia era utilizar elementos da linguagem pop, ingerindo tendências comportamentais e artísticas da época, para expressar algo novo.
Esteticamente, os tropicalistas apostaram no excesso, com muitos acessórios, roupas coloridas e cabelos compridos, com a intenção de chocar os adeptos da arte bem comportada e do intelectualismo da bossa nova.
Na música, as letras eram inspiradas na poesia concreta, criando jogos de linguagem nem sempre fáceis de serem compreendidos. Havia também um forte uso do deboche e da paródia.
Tudo isso culminou ainda em uma forma de protesto contra a repressão do regime militar, defendendo a liberdade de expressão. Uma das principais canções de protesto do movimento é Tropicália, de Caetano Veloso.
Os principais artistas ligados ao movimento são:
Com sua proposta revolucionária de aliar correntes artísticas de vanguarda à cultura popular, o tropicalismo mudou e influenciou toda a música brasileira.
A partir deles, é possível dizer que os tropicalistas inauguraram a chamada arte pós-moderna no Brasil.
Como o movimento tropicalista tinha ideias revolucionárias, protestando a favor da liberdade artística e de expressão, não demorou muito para que os artistas envolvidos passassem a ser perseguidos pela ditadura.
Assim, o tropicalismo durou pouco. Durante um show de Caetano e Gil, em 1968, uma obra de Hélio Oiticica incomodou os militares: tratava-se de uma bandeira com a imagem de um traficante assassinado pela polícia, com a inscrição Seja Marginal, Seja Herói.
Além disso, os militares ainda acusaram Caetano de ter cantado versos ofensivos às Forças Armadas durante o hino nacional.
Eles suspenderam a apresentação e prenderam os artistas, sob a acusação de desrespeito à bandeira e ao hino brasileiros. Após a prisão, Caetano e Gil exilaram-se fora do país. Isso marcou o fim do movimento tropicalista.
O tropicalismo mudou a maneira de fazer música no Brasil e até hoje influencia os artistas. Um dos seus principais legados imediatos foi o surgimento do pós-tropicalismo, que teve Gal Costa como sua maior representante.
A principal característica do pós-tropicalismo foram canções que assumiram um tom de derrota, falando de temas como a morte, a marginalização, a solidão e a tristeza.
Em geral, o grande legado do tropicalismo foi abrir as portas para o surgimento do rock brasileiro, além de ter influenciado ideias e atitudes que mudaram a mentalidade da sociedade da época.
Agora que você entendeu bem o que foi o tropicalismo, aproveita e vem conhecer a história da Música Popular Brasileira!
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