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Carmen Miranda: conheça a biografia de um ícone do Brasil

Biografias · Por Rafaela Damasceno

17 de Fevereiro de 2022, às 12:00

Reconhecida mundialmente, Carmen Miranda foi uma das brasileiras mais importantes de todos os tempos. Cantora, atriz e dançarina, “A Pequena Notável”, como era chamada, deixou músicas inesquecíveis e atuações memoráveis.

Carmen Miranda
Créditos: Divulgação

Além de representar o Brasil, ela também era vista como um símbolo da América Latina, com o seu sorriso autêntico, as suas roupas cheias de babados, o seu chapéu de frutas e os seus brincos de argola. Tanto que, até hoje, muitas pessoas pensam nela quando se referem às mulheres latino-americanas.

Com uma contribuição tão relevante para as nossas artes, é impossível não saber pelo menos um trechinho de suas músicas. Mas o que muita gente não sabe é que a sua história de vida também é super interessante. Saiba mais sobre Carmen Miranda e a sua biografia. 

A biografia de Carmen Miranda

Quem vive no Brasil ou já pesquisou um pouco sobre o nosso país, com certeza se deparou com fotos de Carmen Miranda.

A moça sorridente e com frutas e flores na cabeça é um dos ícones da nossa cultura e precursora da participação das mulheres na música. Vale a pena conhecer mais sobre a sua vida. 

Nascimento e infância

Você sabe onde nasceu Carmen Miranda? Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu em Portugal, na cidade de Marco de Canaveses, no dia 9 de fevereiro de 1909.

Carmem Miranda
Créditos: Divulgação

Então, na realidade, ela não nasceu no Brasil. Meses antes, a sua família já estava com a mudança marcada, mas, com a gravidez, acabaram adiando o projeto. 

Só depois que a menina nasceu é que eles se mudaram para o Rio de Janeiro. Primeiro foi o pai, José Maria Pinto da Cunha, e depois a mãe, Maria Emília Miranda, e a irmã, Olinda. Carmen, com menos de um ano, deixou o seu país de origem, para nunca mais voltar a morar lá.

Já instalado no Brasil, José Maria abriu uma barbearia e a família passou a morar no cômodo de cima, no bairro da Lapa. Lá, nasceram mais 4 filhos do casal: Amaro, Cecília, Aurora e Óscar.

Carmen estudou em um colégio de freiras próximo da sua casa. Aos 14 anos, começou em seu primeiro emprego, como vendedora de uma loja de gravatas.

Carmen Miranda
Créditos: Divulgação

Alguns historiadores contam que ela logo foi demitida, porque passava muito tempo cantando. Depois, ela trabalhou em uma chapelaria, onde aprendeu a costurar e pegou o gosto pelos turbantes. 

Início da carreira

Já deu para perceber que a veia musical estava presente na biografia de Carmen Miranda desde muito cedo, não é mesmo?

Mas o seu primeiro trabalho artístico foi como modelo, em 1926, quando posou para a seção de cinema do jornalista Pedro Lima, na revista Selecta. 

Anos mais tarde, Carmen foi apresentada a Josué de Barros, que trabalhava na atual Rádio MEC. Encantado com o seu talento, o cantor a convidou para trabalhar lá. Assim, ela alcançou o marco de ser a primeira mulher contratada por uma rádio brasileira

Foi o próprio Josué que a apresentou ao diretor da Brunswick, uma importante gravadora norte-americana. Dessa amizade, em 1929, nasceu a primeira música gravada por Carmen Miranda, Não Vá Sim’bora:

https://youtu.be/eKc29Wri5Uc

A gravação chamou a atenção do diretor de outra gravadora, a RCA. Foi o início oficial de sua carreira, com o lançamento de quatro faixas: Dona Balbina, Triste Jandaia, Barucuntum e Iaiá Ioiô. 

Primeiros sucessos como cantora

Em seguida, Joubert de Carvalho, nome muito relevante para a história do samba, compôs em 1930 um dos maiores sucessos de Carmen Miranda. A canção chegou a vender 35 mil cópias no ano de lançamento, um recorde para a época. 

Estamos falando de Pra Você Gostar de Mim, mais conhecida como Taí. Com certeza você já a ouviu em algum Carnaval e sabe até alguns trechos da letra:

Na época, a cantora se apresentava com o grupo Bando da Lua, formado por Aloysio de Oliveira, Lulu, Harry Vasco de Almeida e Russinho. Os músicos a acompanharam por vários trabalhos, como em uma série de shows na Argentina, que aconteceu no mesmo ano. 

A repercussão dessa canção foi tão grande que Carmen passou a ser considerada pela crítica como a maior cantora do Brasil. Talvez até da América Latina, porque ela chegou a fazer muitas apresentações nos países vizinhos, logo no início de seus trabalhos. 

Mudança para o cinema

Assim como outras atrizes brasileiras da época, Carmen Miranda firmou-se como cantora, para depois fazer a transição para o cinema.

As suas primeiras participações foram em filmes sonoros, ainda na década de 30. No geral, eles tinham mais temáticas carnavalescas, como em O Carnaval Cantado no Rio (1932) e A Voz do Carnaval (1933).

Em 1935, ela apareceu em Alô, Alô, Brasil, interpretando a canção Primavera No Rio, ao lado de sua irmã, Aurora. Era para ser uma cena isolada, mas a sua performance foi tão perfeita que os produtores resolveram transformá-la em um musical de encerramento. Assista à cena na íntegra: 

Essa participação agradou tanto o público que a revista Cinearte declarou que a artista já era uma grande estrela nacional, pelo grande número de cartas que recebia dos fãs.

Foi nessa época também que ela recebeu o apelido de “A Pequena Notável”, por ser baixinha (ela tinha 1,52m de altura!), mas muito talentosa. 

O seu primeiro papel com falas, em que ela pôde mostrar a sua capacidade de atriz, foi em Estudantes (1935). Nele, ela interpreta uma cantora que se apaixona por um estudante universitário, vivido por Márcio Reis. 

O que é que a baiana tem?

O último filme nacional de Carmen Miranda foi Banana da Terra, de 1939. Usando um figurino de baiana, ela faz uma interpretação icônica de O Que É Que A Bahiana Tem?, de Dorival Caymmi. Essa é também uma de suas músicas mais famosas e lembradas até hoje.

A partir dessa produção, ela resolveu adotar essa vestimenta clássica, que se tornou a sua marca registrada ao longo dos anos: turbante cheio de frutas e flores, brincos grandes de argolas, sandália ou sapato de plataforma e roupa com babados. 

Estrela da Broadway

Conciliando a carreira de cantora com a de atriz, Carmen Miranda também chegou a trabalhar no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro. Lá, ela foi vista por Lee Shubert, produtor da Broadway.

Carmen Miranda
Créditos: Divulgação

Admirado com a artista, em 1939 ele a contratou para se apresentar por 8 semanas na peça musical As Ruas de Paris. A sua participação era pequena, mas genial o suficiente para chamar a atenção da Fox, que a escalou para fazer alguns papéis no cinema. 

Cinema internacional

Em 1940, contratada pelo estúdio americano, Carmen Miranda foi chamada para atuar em Serenata Tropical, ao lado de Don Ameche e Betty Grable. Foi a sua estreia nas telonas dos Estados Unidos. 

No ano seguinte, ela estrelou Uma Noite no Rio, um grande sucesso de bilheteria e crítica. Anos mais tarde, em 1957, ela foi a protagonista de Copacabana, em que apresenta a música Tico-tico No Fubá:

Ao todo, foram 14 longas produzidos no país, sendo que, em 8 deles, ela foi a protagonista. Os principais filmes de Carmen Miranda são Aconteceu em Havana (1941), Minha Secretária Brasileira (1942) e Entre a Loura e a Morena (1943). 

Declínio e últimos anos da carreira

Com o final da Segunda Guerra Mundial, a artista foi recebendo cada vez menos espaço nas produções da Fox. Quase sempre em papéis secundários, ela já não tinha mais a mesma atenção de antes.

Apesar disso, ela continuou focada na carreira musical. Ela ainda se apresentava em casas de show e em programas de TV e, em 1948, embarcou em uma turnê de 8 semanas pela Europa e, em 1953, ela se apresentou de novo pelo continente. 

Em 1955, a CBS fez uma proposta para que ela estrelasse o seu próprio programa de TV, o The Carmen Miranda Show. Mas ela não chegou a fechar negócio. 

Fim da vida

Desde o início de seu trabalho como artista, Carmen Miranda fazia uso de barbitúricos para aguentar a rotina exaustiva de apresentações. Nos Estados Unidos, ela começou a usar outros tipos de remédios, que serviam como estimulantes ou calmantes. 

Na época, esses medicamentos eram receitados pelos próprios médicos, que desconheciam os seus efeitos colaterais.

Em 1954, ao retornar ao Brasil, ela foi diagnosticada como dependente química e seu médico tentou desintoxicá-la. Ela chegou a ficar 4 meses internada em uma suíte do Copacabana Palace para esse procedimento. 

Depois da melhora, ela reduziu o uso dos remédios, mas não parou totalmente. Pouco tempo depois, retornou aos EUA e voltou a cumprir a sua agenda atribulada. 

No dia 5 de agosto de 1955, depois de gravar uma participação no The Jimmy Durante Show, da NBC, foi encontrada morta. Aos 46 anos, Carmen Miranda morreu de um ataque cardíaco, na sua casa, em Beverly Hills. 

Biografia: vida pessoal de Carmen Miranda

Durante toda a sua vida, Carmen Miranda teve muitos namorados. Quando jovem, ela namorou Mário Cunha, remador do Flamengo, e o bon vivant Carlos Alberto da Rocha Faria, de uma tradicional família carioca. 

Ela chegou também a ter um relacionamento com um integrante de sua banda, Aloysio de Oliveira. Ela até engravidou dele, mas optou por fazer um aborto, porque estava no auge da carreira. 

Aloysio de Oliveira e Carmen Miranda
Créditos: Divulgação

Em 1947, nas filmagens de Copacabana, ela se apaixonou pelo assistente de produção David Sebastian. Eles se casaram no mesmo ano e o marido se tornou seu empresário. Para muitos biógrafos, esse foi o início da queda da artista, já que ele conduzia mal os seus contratos e ainda a agredia e humilhava. 

O casal chegou a se separar durante um tempo, mas nunca assinou o divórcio. Como a cantora era muito católica, ela não queria que o seu casamento terminasse e insistiu para que ele desse certo. 

Carmen Miranda não teve filhos, mas tentou engravidar diversas vezes depois de se casar. Em 1948, ela chegou a ficar grávida, mas acabou sofrendo um abordo espontâneo.

Com isso, a cantora teve de ser internada por causa de uma hemorragia e descobriu que havia ficado estéril. Foi mais um dos motivos que a levaram a abusar dos medicamentos. 

Polêmicas

Apesar da popularidade no exterior, a maioria dos intelectuais brasileiros não gostavam de ver uma baiana caricata associada ao Brasil.

Segundo eles, a imagem da artista era explorada à exaustão pelos estúdios, porque reforçava a “política da boa vizinhança” com a América Latina. 

Essa aversão ficou clara quando, ao retornar ao país, em 1940, Carmen Miranda fez uma apresentação no Cassino da Urca e foi vaiada por políticos do Estado Novo, que eram contrários à conduta dos Estados Unidos. 

Como resposta, dois meses depois ela apresentou Disseram que Voltei Americanizada e foi aplaudida de pé. 

Eterno legado

Carmen Miranda foi a primeira e única artista brasileira a gravar as mãos na Calçada da Fama, em Los Angeles. Além disso, ela foi eleita a terceira personalidade mais popular dos Estados Unidos.

E chegou até mesmo a se apresentar para o presidente Franklin Roosevelt na Casa Branca, acompanhada de sua banda.

O Copacabana Night Club, em Nova York, onde ela era a atração principal, conta até hoje com uma imagem estilizada da cantora em seu cartaz de divulgação. Ela também aparece em vários desenhos animados, como Tom & Jerry e Popeye.

Durante o Tropicalismo, Carmen voltou a ser reconhecida como uma das cantoras brasileiras antigas mais importantes da nossa música. E, em 1972, foi o tema da Escola de Samba Império Serrano, e a escola foi campeã. 

Muitas outras homenagens foram realizadas para enaltecer o legado e a biografia de Carmen Miranda no Brasil e no mundo. Estátuas, nomes de ruas e de museus, prêmios e condecorações, que eternizaram a sua contribuição para a arte nacional e fazem com que ela nunca seja esquecida por todos nós. 

Relembre as melhores marchinhas de Carnaval

Carmen Miranda, estrela da música brasileira, além de ter uma biografia incrível, foi uma das principais difusoras do nosso Carnaval ao redor do mundo.

Agora que você entrou no clima da nostalgia ao ler os detalhes de sua biografia, que tal relembrar a melhor festa do país? Saiba quais são as melhores marchinhas de Carnaval de todos os tempos!

Marchinhas de carnaval