Transgressão e liberdade: conheça a história do movimento punk

Em meados da década de 70, jovens americanos e britânicos, insatisfeitos com o modus operandi da sociedade, ansiavam por transformação. 

Passaram a se vestir com jeans rasgados, cabelos moicanos, jaquetas de couro e, através da música, protestavam e criticavam o sistema. Saíram de cena os solos de guitarra, entraram os riffs agressivos, gritos, euforia… Nascia ali o movimento punk, um dos estilos de rock mais importantes da história. 

Indo além da música, o punk ficou conhecido pela atitude dos jovens, no modo de se vestir e nos ideais anarquistas. Foi um movimento pautado pela revolta, pela vontade de criar uma sociedade mais justa e igualitária. 

O punk rock rendeu ao universo da música muitas bandas que influenciaram e deixaram sua marca no cenário. Quer conhecer melhor a história do movimento punk? Então é só chegar que a gente te conta tudinho.  

História do punk: onde e como surgiu 

O punk surgiu por volta de 1974 em Nova York, ao mesmo tempo em que jovens em Londres também iniciavam esse movimento de transformação na música, nas ideias e nas atitudes. 

Um clube de música nova-iorquino teve papel marcante no surgimento do movimento punk: o Country Bluegrass and Blues. Na época, os frequentadores do local, bastante underground, tinham o costume de apoiar bandas que faziam um som diferente ao que era comum naquele período. 

O rock estava muito evidenciado pelo estilo progressivo e pelo heavy metal e parece que os jovens ansiavam por algo que fugisse do lugar comum.

Mas a insatisfação ia além da música: alguns se sentiam desiludidos, não se identificavam com o movimento hippie, pautado pelo amor, coletividade e paz, e buscavam a independência e individualidade. 

É dentro desse contexto que alguns caras aparecem, dando a partida na ignição do movimento punk. Nos Estados Unidos, com os Ramones, e na Inglaterra, com o Sex Pistols e The Clash, os grandes precursores do punk rock.   

Apesar de ter surgido nos Estados Unidos, foi na Inglaterra que o movimento se fortaleceu, pautado pela ideia que qualquer um podia se expressar montando a sua própria banda para sair daquele elitismo e marasmo cultural. 

A filosofia do movimento punk

O movimento punk ficou muito relacionado com as ideias anarquistas, que se baseiam nos valores de não-governo para que a sociedade não sofra com a dominação imposta pelo estado. 

Como em todo movimento, havia uma parte que queria apenas fazer música e outra que abrangia ainda mais o sonho de lutar por um mundo mais solidário, livre da exploração econômica.

É por isso que, mais do que um estilo musical, o punk se tornou um estilo de vida vigente em tribos urbanas. 

Os jovens que se identificavam com o movimento tinham uma postura mais contestadora e a maneira que encontraram de transparecer seus ideais foi através das roupas e principalmente do espírito de mudança. 

Não era difícil identificar pelas ruas quem era punk, assim como podemos observar alguns, ainda hoje, que compartilham com os ideais do movimento.

O punk veio com o intuito de subverter e transgredir o sistema falido, opressor, careta no pensar e no se vestir. Foi, sem dúvida, um movimento em que os jovens puderam ter voz e falar de sua revolta.

Os principais nomes do punk rock

Como o rock tradicional ainda estava em evidência, o punk teve a função de rompimento. Ao invés de distanciar o público dos rockstars, o punk queria tornar tudo mais acessível e fácil.

Isso abriu portas para que qualquer jovem pudesse fazer um som com apenas três acordes e ainda assim levar a plateia à loucura.

No palco, três caras vestidos de jeans rasgados, jaquetas de couro e tênis comunicavam ao mundo o que era o punk rock: os Ramones. A banda, formada em 1974 em Nova Iorque, foi considerada a primeira do gênero. 

Com uma sonoridade marcada pela agilidade e influências do rockabilly, o Ramones se tornou um dos maiores ícones do punk rock.

Na Inglaterra, mais precisamente em Londres, o Sex Pistols foi a banda responsável em dar início ao punk rock no Reino Unido, em 1975, quando foi formada. 

Depois, muitas bandas de punk surgiram sob a influência dos Sex Pistols, como The Clash, The Damned, The Stranglers, Siouxsie & The Banshees, Generation X, Billy Idol.  

Em 1977, houve o que ficou conhecido como a explosão do punk inglês, com novas bandas e discos sendo lançados. The Damned e Buzzcocks são duas que se destacam. 

Já no punk americano, New York Dolls, The Monks, Stooges, MC5, The Velvet Underground, Richard Hell and the Voidoids, The Dictators e Dead Kennedys são alguns dos grandes nomes.

Mais tarde, o punk ganharia outros nomes de peso, como Green Day, Offspring, NOFX, Pennywise, Millencolin e Rancid. 

O punk no Brasil 

Se o punk é o lixo, a miséria e a violência, então não precisamos importá-lo da Europa, pois já somos a vanguarda do punk em todo o mundo. 

A frase de Chico Buarque resume bem como o movimento punk foi muito bem abraçado no país e fez todo o sentido com os ideais transgressores. Afinal, o Brasil aspirava por liberdade no final da década de 70 quando o punk surgiu no país, começando por São Paulo e Brasília. 

Isso porque o país ainda vivia sob o regime militar, que terminou em 1985, e os jovens estavam sedentos por liberdade. Não demorou para que o movimento se alastrasse para outros estados. 

O nome do guitarrista Douglas Viscaino surge como o precursor do movimento punk no Brasil por ter fundado a primeira banda punk do país, a Restos de Nada, em 1978.

Apesar da censura, os festivais de música punk conseguiram se estabelecer e a filosofia do movimento foi compartilhada. A fita K7 era o meio dos jovens ouvirem e terem acesso às bandas de punk da gringa.

Uma coletânea organizada pela revista Pop teve grande influência na cena punk brasileira, apresentando músicas dos Ramones, Sex Pistols, London, Ultravox, Stinky Toys, entre outras. 

No punk paulista, as bandas que se destacaram no movimento foram: AI-5, Condutores de Cadáver, Cólera, As Mercenárias, Ratos de Porão, Olho Seco, Garotos Podres e Inocentes.

E em Brasília, o principal nome foi o banda Aborto Elétrico, formada em 1978 por Renato Russo, André Pretorius e Fê Lemos, além da Plebe Rude.

As mulheres que marcaram o punk

Sendo o punk um movimento pela liberdade individual, é claro que a presença das mulheres não poderia ficar de fora. Apesar de todos os empecilhos, as mulheres sempre contribuíram para o fortalecimento de diversos movimentos e gêneros musicais.

Algumas viram no punk a oportunidade de se expressar, fugir de estereótipos e se empoderar através da música. Patti Smith é uma das grandes representantes femininas no punk e suas criações não se restringem à música. 

Ficou conhecida também como poeta do punk, uma grande entusiasta das artes e se destacou muito na década de 70. Chegou a ser uma das atrações do bar CBGB, o Country Bluegrass and Blues que mencionamos anteriormente. 

Joan Jett, Debbie Harry, Kira Roessler, Chrissie Hynde, Amy Miret e Bikini Kill, com a liderança da vocalista Kathleen Hanna, além de outras mulheres entre as integrantes, foram alguns dos outros nomes do punk rock feminino. 

Na década de 90, surge um movimento punk feminista chamado Riot grrrl, nos Estados Unidos. A ideia era unir os ideais feministas e a luta pelos direitos das mulheres ao estilo musical.

As 10 maiores bandas de punk rock da história

Depois de conhecer a história do movimento punk, deve ter ficado com vontade de ouvir um som bem barulhento, não? 

É claro que a gente preparou uma lista das maiores bandas de punk da história. É só apertar o play e curtir!  

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