O Diabo É Careta

Humor e crítica cultural em “O Diabo É Careta” de Ventania

Em “O Diabo É Careta”, Ventania utiliza a ironia para inverter expectativas e provocar reflexão sobre o que é considerado transgressor. O narrador, mergulhado em uma experiência psicodélica, convida o Diabo para fumar, mas recebe uma resposta inesperada: o Diabo recusa, dizendo ser “careta” — termo usado para quem não consome drogas. Essa situação cria um contraste cômico, pois o Diabo, tradicionalmente símbolo da rebeldia, aparece como mais conservador do que o próprio narrador. Assim, Ventania satiriza os limites do que é visto como normal ou subversivo dentro da cultura alternativa, usando o humor para questionar padrões e estereótipos.

A letra faz menção direta ao uso da “flor da trombeta” e do “chá de cogumelos”, substâncias conhecidas por seus efeitos alucinógenos e associadas ao universo hippie e psicodélico. O trecho “Maldita flor da trombeta me pirou de vez / E me levou para o inferno sem minha lucidez” mostra a perda de controle e a intensidade da viagem mental causada por essas drogas. O clima descontraído e repetitivo da música, junto com a simplicidade dos acordes, reforça a sensação de liberdade e irreverência, marcas do estilo de Ventania. No fim, a música sugere que, para quem realmente ultrapassa os limites da percepção, até o Diabo pode parecer conservador.