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Conheça a biografia de Raul Seixas, o eterno Maluco Beleza

Biografias · Por Érika Freire

4 de Julho de 2020, às 12:00

Gênio, maluco, poeta, músico, inovador, um cara à frente de seu tempo… Há muitas facetas que podem definir o pai do rock brasileiro, Raul Seixas, para os fãs.   

Raul sonhava em ser cantor ou escritor e acabou indo além, unindo as duas formas de manifestações artísticas e conquistando o Brasil. 

Cantor Raul Seixas
Créditos: Divulgação

Se tornou a figura mais importante da história do rock nacional, um sujeito questionador, místico, irônico e que buscava compreender o mundo além da matéria.

Ao compor e criar em um dos períodos mais conturbados da história política brasileira, é claro que Raul incomodou muito e acabou preso e exilado.

Quantas histórias permeiam o universo de Raul Seixas? A gente vai tentar reunir um pouco delas nesta singela homenagem! 

Biografia do Raul Seixas 

Nascido em Salvador, no dia 28 de junho de 1945, Raul Santos Seixas veio ao mundo predestinado a ser a eterna Metamorfose Ambulante que revolucionou o rock and roll e colocou muita gente pra pensar. 

Mesmo depois de 30 anos de sua morte, os fãs ainda buscam compreender essa figura icônica e muito respeitada no meio da música.

A carreira de Raul começou no início da década de 60, quando formou a banda Relâmpagos do Rock, que depois de algumas apresentações e de conquistar visibilidade em Salvador, mudou de nome para Os Panteras. 

Relâmpagos do rock
Os Panteras / Créditos: divulgação

Mesmo com a gravação do primeiro disco, em 1968, Os Panteras não conquistaram o sucesso esperado e Raul começou a passar dificuldades no Rio de Janeiro. 

Nesta época ele vivia em Ipanema e ia caminhando até o centro para divulgar seu disco, chegou a passar fome e a sua experiência no Rio serviu de inspiração para a música Ouro de Tolo, que viria a fazer sucesso mais tarde, com o cantor já em carreira solo. 

Vendo que as coisas não estavam indo bem, ele voltou para Salvador e praticamente se trancou no quarto com os livros de filosofia e misticismo.   

Carreira solo e o lançamento de Krig-há, Bandolo!

Mas o sonho de tentar a sorte no Rio de Janeiro continuou, porém agora com a oportunidade de trabalhar como produtor musical na CBS Discos.

O músico Jerry Adriani foi um dos que mais ajudou a impulsionar a carreira do maluco beleza, e convidou Raul para ser o produtor de seus discos.

Enquanto isso, Raul continuava compondo, tanto que outros músicos da Jovem Guarda se interessaram em gravar suas músicas, como Ed Wilson, Renato e Seus Blue Caps, Jerry Adriani, Odair José, entre outros. 

Em 1971, com o trabalho na produtora, conseguiu lançar o disco Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, uma espécie de ópera rock que misturava samba, chorinho, baião e inspirado em Frank Zappa e no clássico álbum dos Beatles, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band

O disco era uma compilação de vários artistas que cantavam suas músicas em faixas separadas, mas a censura cortou boa parte das letras e a gravadora também não apoiou a divulgação do trabalho. 

Foi com Krig-ha, Bandolo! que tudo mudou, pois este álbum marca, de fato, o primeiro trabalho solo de Raul.

A capa trazia um Raul magrelo, sem camisa e com um colar místico do Nepal e a chave que seria o símbolo da Sociedade Alternativa, que ele iria fundar mais tarde ao lado de Paulo Coelho. 

Capa do álbum Krig-Ha, Bandolo!, de Raul Seixas
Capa do álbum Krig-Ha, Bandolo!, de Raul Seixas / Créditos: Divulgação

Muitos de seus sucessos estão neste importante trabalho, como Mosca Na Sopa, Metamorfose Ambulante, Al Capone, How Could I Know e a clássica e debochada Ouro de Tolo. 

O místico Raul, um eterno buscador 

Boa parte da inspiração de Raul para escrever vinha de seu interesse pelo ocultismo, filosofia, psicologia e pela literatura de forma geral.

Desde pequeno, se encantou pela biblioteca vasta de seu pai e passava horas trancado dentro do quarto lendo, acabou desenvolvendo até miopia.  

Autores como Lao-Tse, Nietzsche, George Orwell, Aldous Huxley e o ocultista Aleister Crowley eram os preferidos do cantor.

Mas não podemos esquecer do fascínio de Raul pelas figuras de Jesus e do Diabo, que aparecem em diversas de suas composições, como Eu Nasci Há Dez mil Anos Atrás, Fazendo o Que o Diabo Gosta, Rock do Diabo, Al Capone, entre outras. 

A influência de Aleister Crowley se apresenta na obra de Raul principalmente pela obra O Livro da Lei. Neste livro é apresentada a Lei de Thelema, que parte do princípio de “faz o que tu queres, há de ser tudo da Lei”. 

O Livro da Lei, de Aleister Crowley
O Livro da Lei, de Aleister Crowley / Créditos: Divulgação

Não apenas na música Sociedade Alternativa, mas como em outras composições de Raul, é possível notar que o compositor sempre tentou passar como principal propósito defender que cada um deveria viver à sua maneira. 

Ele propunha uma conexão com ideias universalistas, como na música Meu Amigo Pedro, por exemplo, além da liberdade individual de cada um, como em A Maçã, Gita, entre outras.  

As mulheres na vida de Raul   

Raul teve muitos relacionamentos e se casou cinco vezes, sendo sua primeira esposa a americana Edith Wisner, com que tem uma filha, Simone Andréa Wisner Seixas. 

Mesmo sem ter terminado com Edith, o cantor começou a se relacionar com Gloria Vaquer, com quem compôs junto a música Love Is Magick e também dividiram os vocais em Sunseed. Com Glória ele teve outra filha, Scarlet Vaquer Seixas. 

A terceira mulher a entrar na vida de Raul foi Tânia Menna Barreto, com que ficou até mais ou menos 1979. Ângela Costa, a Kika Seixas, quarta esposa, conheceu Raul em 79 e juntos tiveram uma filha, Vivian Costa Seixas.

Raul Seixas com a filha Vivi Seixas
Raul Seixas com a filha Vivi Seixas / Créditos: Divulgação

A quinta esposa de Raul foi Lena Coutinho, com quem compôs diversas músicas, como Quando Acabar o Maluco Sou Eu, Paranóia II, Loba, entre outras. 

Raul Seixas e a Sociedade Alternativa

Sociedade Alternativa, canção presente no álbum Gita, de 1974, não foi apenas uma música com temática anarquista criada por Raul Seixas e Paulo Coelho, seu parceiro em diversas outras composições.

Raul Seixas e Paulo Coelho
Raul Seixas e Paulo Coelho / Créditos: Divulgação

Eles se conheceram em 1972 por conta do interesse comum sobre misticismo, ufologia e ocultismo e passaram a compor juntos, como foi o caso de Sociedade Alternativa.

A música foi também uma ideia de comunidade baseada nos princípios de Aleister Crowley, nos quais cada um poderia viver do jeito que quiser. 

E foi realmente fundada por eles em 1973, mais precisamente no dia 10 de dezembro, com a proposta de promover espetáculos teatrais, livros, além de outra produções artísticas. Conta-se que a sede provisória ficava na Avenida Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro. 

Para promover a Sociedade Alternativa, Raul e Paulo começaram a distribuir panfletos durante os shows e acabaram sendo presos pelo Departamento de Ordem Política e Social da Ditadura Militar, o DOPS, que queria saber mais sobre o que seria essa tal sociedade alternativa.

A dupla já era mal vista pelos militares por suas composições consideradas subversivas. Eles foram torturados e exilados nos Estados Unidos no início de 1974 e ficaram quase um ano fora do país. 

Enquanto estavam exilados, o álbum Gita começou a fazer sucesso no Brasil com vendas estrondosas, passando a marca de 500 mil cópias vendidas. 

Raul Seixas e Paulo Coelho
Raul Seixas e Paulo Coelho / Créditos: Divulgação

A parceria com Paulo Coelho permaneceu até 1975 e dela surgiram sucessos, como Gita, Tente Outra Vez, Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, Ave Maria da Rua, Medo de Chuva, entre outras.  

Morte

Durante sua carreira, Raul teve momentos de altos e baixos por conta do abuso de álcool, lançou cerca de 17 discos que tiveram bom destaque, como Novo Aeon, Metrô Linha 743, A Panela do Diabo, O Dia em que a Terra Parou, entre outros.  

Ele faleceu de pancreatite aguda no dia 21 de agosto de 1989, mas deixou um enorme legado para a música e permanece vivo e cultuado pelos fãs. 

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