Dia Dos Pais

Ausência e dor em "Dia Dos Pais" do Inquérito

A música "Dia Dos Pais" do Inquérito aborda de forma direta e sensível o impacto da ausência paterna, especialmente em uma data tradicionalmente dedicada à celebração. O protagonista narra a experiência de visitar o túmulo do pai no cemitério dos Amarais no segundo domingo de agosto, transformando o Dia dos Pais em um momento de luto pessoal. Essa visita funciona como uma metáfora para a busca de conexão com o pai falecido, lembrando o "Poema de Finados" de Manuel Bandeira, onde a dor da perda é central. A letra destaca que a ausência do pai vai além da morte física: ela é também emocional e social, já que o pai escolheu o crime em vez da família, o que trouxe consequências dolorosas para todos. Isso fica claro no verso: “O senhor que escolheu, preferiu o crime do que a família e deu no que deu”.

A narrativa é marcada por revolta, desabafo e crítica social. O filho conta como precisou amadurecer cedo, largando a escola para sustentar a família após a morte do pai: “Com 13 anos eu virei o homem da casa... Larguei a escola pra vender sorvete no Taquaral”. O desejo de dar um abraço no pai, repetido ao longo da música, simboliza a carência afetiva e a saudade constante. A metáfora das flores, que "no começo parece que vai ser linda sempre, de repente morre, desmancha, só fica os espinhos", reforça a ideia de que a vida no crime pode parecer atraente, mas termina em tragédia, deixando apenas dor e lembranças. Assim, a música transforma uma experiência pessoal em um retrato social, denunciando as consequências da ausência paterna e da marginalização, e mostrando como, para muitos, o Dia dos Pais é marcado por silêncio e saudade.